Abro o Bairradices, com as portas devidamente escancaradas, ao comediante e amigo das tradições Manuel Farias, que nos fez chegar uma belíssimo e raro escrito das profundezas das serranias de Águeda. O assunto é nobre e por tal nem sequer me meto. Aqui vai amigo Farias... e mande sempre.
"Quando o “Morcego” de Aguada de Cima tinha encomendas especiais, lá no largo das Almas Santas da Areosa, esperava pelos 17. Havia sempre carrões serranos que traziam ninhadas de leitões malhados de branco e cinza, esguios e travessos, soltando grunhidos da fome, depois de uma viagem de 2 ou 3 horas. Tinham deixado a teta da mãe ainda de madrugada e vinham para a feira, exaustos com os balanços, tormentosos sempre que os rodados de miul se atolavam nos regueiros do caminho do Seixo ou, logo de seguida, saltavam contra a touceira de moiteira. Vinham da serra e o “Morcego” esperava-os com a mesma inquietude com que os comerciantes quinhentistas se apinhavam na Ribeira das Naus, esperando a chegada das caravelas e a sua carga preciosa de pimenta, cravinho e canela.
Foram os leitões serranos, autóctones da raça bísara que fizeram a fama do leitão assado pelo “Morcego” e, a partir daí, do leitão assado pela extensão da Bairrada. Há muitas décadas de anos atrás, os leitões tinham propriedade do nome: filhos do leite… de porca, naturalmente, com certificado biológico de raça e de crescimento. As ninhadas que hoje sobem à mesa talvez se devam chamar “farinhões”, atendendo à substância da sua criação.
Há alguns meses atrás, um projecto de criação nativa em Bolfiar, propôs-se fazer a experiência de repetir a criação tradicional do leitão serrano de raça bísara, deixando as porcas em campo aberto, com ninhadas dependentes da sua força criadora, tal como a natureza quer e deixa: os leitões apenas receberam alimento das mães paridas, sem regime nem horas de pocilga humanizada. Para além do leite materno, ficam por lá verduras que a natureza dita, tal como cabaças e melancias, de nascimento quase espontâneo e que entusiasmam qualquer bácoro de boa saúde.
Neste ambiente de rudeza e naturalidade, as doenças não sobrevivem. Os bacorinhos bísaros e quase selvagens regressam às tetas túgidas entre duas corridas, sugando a vida que se vai acabar, honrosamente, na celebração gastronómica. No dia 14 de Novembro, a hora de almoço é o tempo certo para o santo sacrifício, na velha escola primária de Bolfiar, onde tem sede a Associação dos Compartes dos Baldios. Vamos ao tira-teimas, porque há quem diga que o leitão é todo igual e que o tempero é que faz a diferença. O saber tradicional desta gente que está nas portas da serra diz que não: a diferença está no animal, o aroma apenas serve para o celebrizar e, em alguns casos, até para lhe encobrir os defeitos".
Para esta celebração do dia 14 de Novembro, as inscrições estão abertas e podem ser feitas pelos telefones 234623771, 234622296, 938502169 ou 234724083, até ao dia 12, sabendo que os lugares disponíveis são limitados.
Foram os leitões serranos, autóctones da raça bísara que fizeram a fama do leitão assado pelo “Morcego” e, a partir daí, do leitão assado pela extensão da Bairrada. Há muitas décadas de anos atrás, os leitões tinham propriedade do nome: filhos do leite… de porca, naturalmente, com certificado biológico de raça e de crescimento. As ninhadas que hoje sobem à mesa talvez se devam chamar “farinhões”, atendendo à substância da sua criação.
Há alguns meses atrás, um projecto de criação nativa em Bolfiar, propôs-se fazer a experiência de repetir a criação tradicional do leitão serrano de raça bísara, deixando as porcas em campo aberto, com ninhadas dependentes da sua força criadora, tal como a natureza quer e deixa: os leitões apenas receberam alimento das mães paridas, sem regime nem horas de pocilga humanizada. Para além do leite materno, ficam por lá verduras que a natureza dita, tal como cabaças e melancias, de nascimento quase espontâneo e que entusiasmam qualquer bácoro de boa saúde.
Neste ambiente de rudeza e naturalidade, as doenças não sobrevivem. Os bacorinhos bísaros e quase selvagens regressam às tetas túgidas entre duas corridas, sugando a vida que se vai acabar, honrosamente, na celebração gastronómica. No dia 14 de Novembro, a hora de almoço é o tempo certo para o santo sacrifício, na velha escola primária de Bolfiar, onde tem sede a Associação dos Compartes dos Baldios. Vamos ao tira-teimas, porque há quem diga que o leitão é todo igual e que o tempero é que faz a diferença. O saber tradicional desta gente que está nas portas da serra diz que não: a diferença está no animal, o aroma apenas serve para o celebrizar e, em alguns casos, até para lhe encobrir os defeitos".
Para esta celebração do dia 14 de Novembro, as inscrições estão abertas e podem ser feitas pelos telefones 234623771, 234622296, 938502169 ou 234724083, até ao dia 12, sabendo que os lugares disponíveis são limitados.
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