terça-feira, 26 de outubro de 2010

Se a moda pega o sexo de beira de estrada passa a ser fluorescente

Depois do Bairradices ter alertado que as autarquias da Bairrada estariam a pensar colocar placas de trânsito a sinalizar zonas de prostituição, como se faz em Treviso (Itália) e que aqui neste post demos conta, agora aparece-nos mais uma medida de prevenção de acidentes de trabalho, vinda da vizinha Espanha.

A ideia consiste em pôr as senhoras meretrizes - que estão junto às estradas - todas de colete amarelo fluorescente. E o melhor é não brincar com a coisa, pois as referidas senhoras se forem apanhadas sem tal equipamento pagam 40 euros de multa. Isto passa-se apenas em Els Alamus, na Catalunha, mas o Bairradices, em conversação com um blog congénere daquela região, apurou que responsáveis políticos internacionais (bairradinos incluídos) estão a fazer chegar mensagens de regozijo pela medida tomada localmente, fazendo antever que vai ser próspera a proliferação e fabrico deste material.

Com podemos ler na imprensa, a medida pode ser vista como uma preocupação com a segurança das prostitutas locais - e a polícia garante que é disso que se trata. Mas a verdade é que nos últimos meses o presidente da câmara local tem emitido legislação no sentido de banir a prostituição das áreas urbanas.

No entanto, posso garantir ao senhor presidente da Câmara que não é assim que vai banir as meninas da estrada. Às tantas o senhor até criou um negócio paralelo (não estou a falar do fabrico de coletes, esse já existe) pois quem sabe se as rainhas da estrada não começam a usar o colete para colocar a "ementa" dos seus serviços ou slogans do género: "Perca uns euros, pergunte-me como".

Tentando visualizar esta legislação aplicada à nossa Bairrada até que o efeito não seria nada mau. Imaginem o lusco-fusco na ligação da Mealhada ao Luso ou noutros lugares de prostituição fértil bairradina. Meus amigos, com tanto colete reflector e tanta luz havia gente convencida mesmo que estava em Las Vegas.

Deixem lá vir os coletes deixem e depois não se admirem de ver publicidade da região nas costas delas, do tipo "Eu sou uma das Maravilhas da Mealhada" ou "Levo-te às profundezas como no Underground Museum", ou simplesmente "Vem cá ao Velódromo e faz-te à pista".

Enfim, nunca podemos agradar a todos. Se uns há que querem esconder o problema, outros parece que querem vê-lo de forma fluorescente. A mim só me preocupa se um dia destes estiver descansadinho a mudar um pneu do carro, de coletezinho como manda a lei, e for abordado para vender sexo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O triunfo dos porcos no folclore português

Do folclore português, das melhores colecções de rimas, provérbios e afins, encontramos muito da cultura bairradina... e no que toca a porcos exemplos não faltam.

Nos inúmeros provérbios encontrados há um que me fascina: "Mulher que assobia, ou capa porcos ou atraiçoa o marido". Muitos de nós estão a pensar que ainda bem que lá em casa a mulher não tem por hábito assobiar senão lá teríamos que investigar onde é que andaria a capar bácoros.

Para ilustrar a magnífica foto deste post encontei outra pérola: "No dia de Santo André, vai à esquina e traz o porco pelo pé". Eu mudava de santo e sugeria: "No dia de Santa Esmeralda vai à equina e traz o porco na motorizada".

Já agora amigos, "Em Janeiro, um porco ao sol outro ao fumeiro" e "Porco que nasce em Abril, vai ao chambaril". Cá para mim fico-me mesmo com "O porco de Outubro leva sempre a malta ao rubro" (este último foi acabado de inventar, é contemporâneo).

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Afixação proibida

Apesar de alguma (relativa) evolução em termos do respeito pela propriedade dos outros e pelo bem comum - que nos últimos anos tiraram da nossa vista aglomerados de cartazes de bailes, festas e circos, que desde a era da farinha à cola mais sofisticada de aplicação com rodo se amontoavam em tudo o que era espaço público e não só - o certo é que a teimosia de muitos artistas do escadote faz de algumas zonas das nossas vilas e cidades um autêntico lixo mural.

Maus exemplos não faltam pela nossa Bairrada. E quando falo em mau é muito mau mesmo. De passagem por um dos concelhos deste magnífico território, em Oliveira do Bairro, reparei numas boas obras de arte de lixo mural, destacando-se neste autêntico aterro sanitário da propaganda a céu aberto a figura mediática da "coisa" ou do "coiso" Castelo Branco, o que me fez aproximar para saber até que ponto era aquilo a propaganda de um circo, de passagem pela região, pois dei comigo a regressar à minha meninice ao recordar que as atracções dos grande circos passavam por fenómenos da natureza, tipo uma vaca com cinco patas, cães futebolistas ou mesmo homens de duas cabeças e outros sem nenhuma, como parece ser o caso.

Realmente ao ver aquela aberração pensei estar perante um novo fenómeno nunca antes relatado na bíblia do grotesco “Freaks, aberrações humanas", um livro que reune o acervo fotográfico de Akimitsu Naruyama e que demosntra a exploração de fenômenos físicos humanos em circos e espetáculos itinerantes.

Afinal - e depois de uma olhada mais atenta para o cartaz - o "freak" esteve em Oliveira do Bairro para apadrinhar um espectáculo de misses e misters, pois claro, numa noite em que deveria parecer o pêndulo tresloucado de um velho relógio, sem saber para que lado parar quando faltasse a corda. Realmente nada melhor que ser o apresentador de algo que não lhe diz mesmo nada porque de homem e mulher tem pouco... é mesmo uma coisa ou um coiso.

A proliferação deste lixo nas paredes e edifícios já por si é mesmo algo "démodé" mas poluição mural e moral com a cara desta coisa eu digo "jamais Salomé". É mesmo "merde" a mais para uma simples parede. Noblesse oblige meu caro coiso... ou coisa.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O primor português no baptismo do território

Aqui há uns anos ri-me escancaradamente com uma das excelentes crónicas de Miguel Esteves Cardoso a propósito dos nomes dados a aldeias e lugares deste país. Foi nessa altura que fiquei a saber que o concelho de Oliveira do Bairro, precisamente a Freguesia da Palhaça tem um lugar como o nome de Fonte do Bebe e Vai-te (em americano, Fountain of drink and go away).

Mas as surpresas não ficam por aqui e nomes ricos deste tipo proliferam por todo o nosso território, mas confesso que o melhor destes baptismos está lá para os lados do Luso, no concelho da Mealhada, onde parece haver algo com o nome de "Escalda-lhe o Papo", mas desenganem-se os que pensam que este lugar fica próximo da Cova da Areia... pois era fácil demais acertar.

Esta pérola do nosso território existe mesmo e aparece numa Justificação notarial publicada recentemente pelo Jornal Mealhada Moderna, como podem ver na foto.

De facto, ao longo de muitos e muitos anos fomos sabendo que na génese do baptismo dos lugares onde vivemos há muitas histórias que permitiram a atribuição de muitos e muitos nomes às terras deste Portugal. Se por um lado há dados concretos e fiéis que dão conta desta origem, por outro há lendas hilariantes e paródias ligadas ao assunto.

Mas confesso que não consigo imaginar o que esteve na origem do nome "Escalda-lhe o Papo". Quer dizer, para quem tem imaginação fértil facilmente consegue encontrar um motivo para chamar algo do género a um lugar deste Portugal profundo.

Entre as rábulas que se contam sobre a origem de alguns nomes curiosos, deixo aqui a que dá conta do nascimento de um conhecido lugar do concelho de Anadia, no cruzamento perfeito do tão mediático milagre das rosas da Rainha Santa Isabel com a vida adúltera da esposa de uma figura nobre de Anadia. Aqui vai:

De fato domingueiro pavoneava-se pelas ruas da freguesia um conhecido nobre de Anadia (que não divulgamos para preservar a autenticidade) quando ao passar junto de uma tasca foi abordado por um homem curioso, que de copo de vinho na mão e olho pisco encarou aquela figura de alto a baixo e perguntou-lhe: - Que levais na testa senhor? O nobre, embora desiludido, respondeu prontamente: São galhos amigo, são galhos.

E pronto, depreende-se facilmente que a evolução etimológica descambou naquele curioso nome de Sangalhos sem que hoje ninguém se preocupe mais com os apêndices superiores do histórico elemento da nobreza que estiveram na origem do nome da terra.

Num país em que o BI (ou cartão de cidadão) tem naturalidades tão hilariantes como Fonte da Rata (Espinho), Herdade da Chouriça (Estremoz) ou Alçaperna (Lousã), acredito que "Escalda-lhe o Papo" afinal até é inofensivo.

Aceitam-se contribuições para a colecção de nomes curiosos da Bairrada para o Bairradices.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Justiça cega e molhada em Oliveira do Bairro

É certo - e sabido - que a justiça volta e meia mete água, mas em Oliveira do Bairro a coisa é por demais literal, com o Tribunal local a meter água por tudo quanto é canto, ao ponto de terem paralisado todos os serviços.

Estamos a falar de autênticas inundações resultantes das obras que estão a ser feitas no edifício , porque alguém se lembrou de "destelhar" a casa sem contar com as chuvas. E o resultado está a vista.

O juiz-presidente da Comarca do Baixo Vouga, Paulo Brandão, disse aos jornais que na remodelação, que teve início no final de Agosto, a estrutura foi parcialmente destelhada, sem que tenha sido acautelada a sua rápida cobertura ou protecção.

No mês de Setembro, tiveram lugar as primeiras infiltrações, que se repetiram com as chuvas do último fim-de-semana. Desde a passada segunda-feira que o Tribunal está sem condições para funcionamento.

Na falta de melhores soluções para o caso, o Bairradices aconselha os magistrados a utilizar o princípio jurídico "in dubio pro rio", fazendo escoar os excessos para o Rio Cértima, e pensar em juntar ao Código Penal e Código Civil o Borda D´água e a Tabela de Marés, na esperança de poder marcar um ou outro acto jurídico quando as condições meteorológicas forem propícias a tal.

Agora cá para nós, imaginem o quanto era giro ver causídicos e magistrados de belíssimas e resistentes galochas, claro está, daquelas pretas para fazer "pendant" com togas e becas, como "manda a lei".

E como muitas vezes contra a força não há resistência, a natureza também sofre destas coisas de lei, e quando toca a inundar lá vai dizendo que a sua lex é dura, mas é lex.

No entanto, isto não é nada que não se consiga travar. Aproveitem a sugestão da amiga Rihanna... Vejam:

Now that it's raining more than ever
Know that we'll still have each other
You can stand under my umbrella
You can stand under my umbrella
Ella ella eh eh eh ... Under my umbrella


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Os reis dos matraquilhos em Sangalhos

Anadia foi a capital nacional dos matraquilhos (e durante quatro dias). O Velódromo de Sangalhos foi a arena onde os especialistas nacionais do assunto se encontraram para disputar a Taça, Super Taça e Campeonato Nacional.

A coisa até esteve bem animada, mas sinceramente jogar “matrecos” sem umas bejecas, sem tremoços e sem a m… da moeda a encravar sistematicamente no “moedeiro” não é competição nenhuma. Isto parece mais um género de encontro de sueca com a malta equipada com sapatos de sola antiderrapante ou uma prova de atletismo de calça de ganga e moccassins, ou até um torneio de “malha” de fatinho e com a bela da gravata a esbarrar no piroco do pino cada vez que a malta se abaixe para apanhar a malha.

Há coisas que só têm magia nos locais habituais, como tascas, cafés, casas de pasto e afins… e quando lhe dão um cunho de competição formal… lá se vai o encanto, lá se vai a tradição e os costumes. Onde se viu jogar matrecos com árbitros? Assim não há litígios e às vezes escaramuças, que acabam sempre em mais uma rodada de cevada para a malta.

Mas o mais curioso – e para mim, confesso, surpreendente – é termos uma Federação Nacional de Matraquilhos. Boa. E se fosse um desporto olímpico ninguém nos tirava mais umas medalhitas porque nisto somos bons.

Mas agora questiono: Porque raio está o Gilberto Madaíl (e o seu vice-amigo Amândio) na Federação Portuguesa de Futebol? Sem querer ferir a malta federada dos matrecos acho que essa era a Federação perfeita para aquelas e outras figuras do futebol nacional. Pelo menos – acho – o estrago não era tanto.

A propósito dos matraquilhos, deixo uma grande pérola da música portuguesa. Lembram-se dos Fúria do Açúcar com o João Melo? Então ouçam, é o máximo.

E viva Anadia pela tradição de pôr a malta a jogar matrecos num centro de alto rendimento.

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