quinta-feira, 8 de abril de 2010

"O Miúdo que Pregava Pregos numa Tábua"

Foi necessário esperar todos estes anos para conhecer, afinal, a verdadeira vocação profissional de Manuel Alegre. É o próprio que confessa no seu último livro, intitulado "O Miúdo que Pregava Pregos numa Tábua", e que narra as suas vivências infanto-juvenis em Águeda e, mais tarde, no Ultramar.

Como nos sugere, e bem, este título, o Manuel Duarte podia ter sido um grande cangalheiro, bastando seguir os passos de Pedro Homem de Mello, outra figura com fortes ligações a Águeda, responsável pelo famigerado poema "Povo Que lavas no Rio... Que talhas com o teu machado as tábuas do teu caixão". É aqui que devia entrar o Manel, acabando o serviço com os pregos na tábua, num teamwork perfeito... venha o defunto.

O engraçado deste novo livro de Alegre é que o autor recusa chamar-lhe autobiografia mas sim um livro que parte de vivências e de experiências. E que sorte teve Alegre de não acabar numa das muitas unidades industriais de Águeda a fazer cozinhas por medida ou a construir "palettes" para os tijolos nas cerâmicas das Aguadas.

O certo é que Manuel Alegre mudou cedo de martelo e foi aprimorando os pregos, subsistindo a tábua (o PS) onde não se cansa de martelar numa luta desigual contra a turquez do partido.

Prego aqui prego ali, o puto que os pregava numa tábua para os lados de Águeda está agora na corrida a Belém nas Presidenciais de 2011. Uma coisa é certa: Se ele ganhar, o país ganha também um exímio carpinteiro, que facilmente pode remodelar o sítio depois dos estragos que Soares, Sampaio e Cavaco, entre outros, deixaram no palácio.

Mas Belém também me sugere outra coisa: Ele prega nas tábuas, ele tem barbas, Gosta de Belém... pena não ser José. Lá fica estragado o presépio.

Mas vamos à parte séria da história, só para dizer que este ilustre aguedense, actualmente mais próximo da sua cidade natal (e vice-versa), acaba de lançar mais uma obra, exactamente com aquele título onde explica "como é que uma pessoa se torna naquilo que é, como é que um miúdo (que pregava pregos numa tábua) vai crescendo, vai-se tornando ele próprio e nos outros que estão dentro de si".

Boa Manel, temos livro.

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