"A frase Luís Pato domou a uva Baga já foi lida por você, com certeza. Ela está presente em todos os artigos sobre a região da Bairrada. A explicação é evidente. Pato, um amável cavalheiro de amplos bigodes lusitanos, pegou a uva típica da região, de má fama por sua acidez intransponível e seu temperamento difícil, e deu-lhe ares de grande casta.
Os vinhos de Pato foram saudados como pioneiros pela crítica, pois mostraram que a Baga não precisava ser barrada no baile das grandes uvas. Na sua definição, a Baga é "uma Nebbiolo portuguesa", o que de fato aparece no aroma de alcatrão de alguns dos vinhos provados.
Mas a história continuou, ele saiu da denominação de origem e passou a vender seus vinhos como Beiras, região vizinha. Ou seja, a mais notável figura da Bairrada já não faz vinhos de lá... (parece que voltará em breve à origem). Vai entender.
Aqui interessa, mais que questões paroquiais de gestões das DOCs de Portugal, o que acontece com a uva. A Baga passou a ser querida - sozinha ou amansada por outras uvas - e foi deixada evoluir em carvalho de qualidade. Os produtores tomaram gosto pela variedade rejeitada.
É essa nova Baga pós-revolução de Pato que fomos provar. Um painel de nove vinhos em que havia de tudo, Baga pura e as excêntricas e bem-sucedidas maluquices de Carlos Campolargo, que ousa até a mistura, nada usual, com Pinot Noir. Os cinco mais destacados da degustação estão comentados ao lado.
Modernaharmonia
Outra conexão automática, além de Pato/Bairrada, é a de Bairrada/Leitão. Tudo bem, o leitão assado é típico da região e suas gorduras generosas são bela companhia para a acidez dos vinhos. Porém, os vinhos tintos feitos com Baga podem ser muito amigos de molhos mais ácidos. Igual à Sangiovese, a Baga vai muito bem com molho de tomate e pode bem acompanhar uma pasta dominical bem atomatada e singela".
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